Sem água não há vida
A Ciência estima que as formas de vida mais simples surgiram no nosso planeta há mais de 3,5 bilhões de anos, na água dos mares. Os seres vivos em geral, animais e vegetais têm grande maioria de sua composição na forma de água, entre 70 e 90%. A água é veículo de transporte de nutrientes, regulação térmica e meio para as reações bioquímicas. Ou seja, sem água não há vida.
O ciclo da água e seu uso no Brasil
Quando falamos do ciclo da água na atmosfera nos vêm à mente os rios e as chuvas, mas é muito mais do que isso. Por exemplo, há um fenômeno chamado de capilaridade, no qual as raízes das árvores captam a água e os nutrientes minerais presentes no solo, e que os transporta até às folhas. Boa parte da água e dos nutrientes fica retida nas folhas, mas o restante é liberado na atmosfera. Para se ter uma ideia, uma árvore com a copa de aproximadamente 10 metros de diâmetro pode liberar até 300 litros de água por dia para a atmosfera. Em outras palavras, as árvores funcionam como bombas naturais de água e sua atuação no ciclo da água (evapotranspiração e chuvas) é fundamental.
A água é um recurso intrínseco à história da humanidade, desde o período das grandes navegações, em que era o meio principal para a descoberta de novas Terras a até os dias mais atuais, em que é utilizada nos processos produtivos, irrigação e o próprio consumo humano, além de estar relacionada a valores sociais e culturais de diversos povos.
Ao contrário do que muitos pensam, a água não é um bem infinito. Apenas 2,5% da água existente no mundo é doce, e dessa pequena parcela, 69% encontra-se numa forma de difícil acesso, como por exemplo as geleiras, 30% na forma de água subterrânea e apenas 1% na forma dos rios.
Nesse sentido, considerada um bem natural essencial, às vezes a água é subestimada no Brasil. Isso talvez se dê por sempre termos ouvido que o nosso país é abundante em água e rico em recursos hídricos. E justamente por isso, essa informação pode ter gerado essa percepção de que podemos nos dar ao luxo de desperdiçar um recurso tão abundante. Mas isto não é verdade. Já enfrentamos escassez de água em várias metrópoles brasileiras, o que se manifesta em anos de menores precipitações, como já ocorreu em São Paulo (uso do volume morto de reservatórios), Belo Horizonte, Curitiba, e outras cidades.
O impacto das atividades humanas e a necessidade de preservação dos recursos hídricos
Uma pessoa consome em média entre 150 a 200 litros de água limpa por dia. Este número, também chamado de consumo per capta é usado pelos engenheiros quando estão no momento de desenvolver os projetos dos sistemas de abastecimento público de água, que é a água que usamos para beber, para higiene pessoal, preparação de alimentos, limpeza das residências etc. Após o uso, a maior parte desta água limpa se transforma em esgoto sanitário, que precisa ser coletado e tratado, pois tem um alto potencial poluidor se despejado in natura nos recursos hídricos.
Outras atividades que geram muita água suja são as de origem industrial. Uma indústria de conserva de alimentos, por exemplo, para cada tonelada de alimento produzido, gera entre 4 a 50 m3 de efluente industrial, dependendo do tipo de conserva produzida. Uma destilaria de álcool gera até 60 toneladas de água suja por cada tonelada de cana processada. A indústria têxtil, de algodão, por cada tonelada de tecido, produz entre 120 a 750 m3 de efluente industrial.
Em outras palavras, tanto o nosso dia a dia em casa com a água que bebemos, tomamos banho ou para as nossas necessidades, quanto às atividades industriais, geram uma quantidade exorbitante dessa água suja, que em termos mais técnicos, pode ser chamada de efluente industrial ou esgoto sanitário. E caso sejam despejados nos recursos hídricos sem qualquer tipo de tratamento, podem causar um impacto negativo tremendo quando falamos em poluição.
Embora muito tenha sido feito para a preservação dos recursos hídricos e o tratamento do esgoto sanitário e efluentes industriais, temos um longo caminho a percorrer. Cidades como Nova York que preservaram de maneira exemplar seus mananciais de abastecimento tem um sistema de abastecimento público de água, de baixo custo, enquanto cidades como São Paulo, com precária preservação de seus mananciais, tem alto custo de tratamento e baixa qualidade da água potável.
Mesmo que seja um dado de quase 10 anos atrás (2014), a Organização das Nações Unidas tem como indicador que a cada 1 real investido em saneamento básico reduz em 4 reais os gastos com saúde pública. Ou seja, existe uma relação direta entre investimento em saneamento básico e melhora da saúde e qualidade de vida da população, e quanto menos cuidamos mais cara sai a conta.
A melhor política pública é a preservação
A contaminação de recursos hídricos por efluentes não tratados, uma forma aparentemente de permitir a produção com baixo custo, cobra mais tarde um custo muito maior das comunidades, levando a formas de tratamento mais caras, reduzindo as disponibilidades de água e mesmo quando a água contaminada é tratada com métodos caros e sofisticados, sua qualidade nem sempre é confiável. A melhor política pública é a preservação.
Nesse contexto, a preservação das nascentes, com áreas de vegetação, drenagem urbana sustentável, e o tratamento do esgoto sanitário e efluentes industriais, bem como o correto manejo dos resíduos sólidos são ações que não podem mais esperar.
Conscientização sobre a água
Como meio de promover a conscientização global sobre a importância da água, a Organização das Nações Unidas estabeleceu o Dia Mundial da Água no dia 22 de março de 1992. A cada ano um tema diferente é abordado para enfatizar as variadas vertentes que englobam a conservação e o uso sustentável da água.
Neste ano de 2024 o tema escolhido foi “Água para a Paz”, chamando atenção para os conflitos relacionados à oferta de água no planeta. Com as alterações climáticas e a má gestão desse recurso hídrico, muitos locais sofrem com a recorrência de eventos hidrológicos extremos como inundações e longos períodos de seca.
No mundo há tanto cidades que foram devastadas pelo aumento do nível do mar, como Chittagong em Bangladeseh, quanto países que sofrem com períodos intensos de seca, como os localizados no Oriente Médio e Norte da África. Neles, disputas geopolíticas resultantes da disponibilidade e distribuição da água são uma realidade. Infelizmente muitas pessoas nesses locais não têm acesso seguro à água, algo que deveria ser um direito garantido.
Portanto, com esta data, abre-se um espaço para refletirmos não apenas sobre a relevância da água para nossa sobrevivência, mas para a nossa vida e as consequências que uma má preservação dos recursos hídricos nos traz.
O tema “Água na Paz” provoca o questionamento, principalmente de como as nossas ações intensificam as mudanças climáticas, que consequentemente influenciam na disponibilidade hídrica em alguns locais do mundo e sobre como a política do “pagar mais barato” pelas atividades humanas acaba se tornando um pagamento mais caro por nós cidadãos em questões de saúde pública e a qualidade da água que chega até às nossas casas.
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